Vinte e um días depois que pisei em la coruña assisto minha primeira aula. Creio que foi melhor do que imaginava quando estava decidindo o país que iria fazer meu intercâmbio. Os espanhóis falam muito rápido, por isso se torna difícil entender o que dizem. Mas como já estou aqui há algumas semanas creio que acostumei meu ouvido e acho que entendi uns 60% do que a professora disse. Mas antes de assistir a aula tive que chegar até a sala.
Eu e o Raphael, brasileiro que mora aqui comigo, estamos na mesma aula. A clase, como eles chamam aqui, estava marcada pra começar às 16h e terminar às 20h. O nome da aula é muio loco: Gêneros Audiovisuais Experimentais Multimídia, massa né. Então, saímos de onde moramos (Montealto) cinco para as quatro e demora uns dez minutos até o ponto, mais a espera do ônibus pra faculdade chegar já se viu tudo... chegamos na faculdade quatro e meia e pior... sem saber em que sala era a aula. Depois de tentar, sem sucesso, achar nome da aula nas portas nós fomos até a administração, ou algo assim. O cara que estava lá disse: “nestas três portas tem aula de comunicação agora, mas não sei quais aulas tem em cada sala, vocês tem que ver”. Imagine que massa, na primeira aula chegando atrasado e ainda na sala errada. Mas eram só três salas, tínhamos 33,3...% de chance de acertar. Escolhemos a da esquerda, me senti no programa do Serginho Malandro, na porta dos desesperados.
- Você quer assistir aula?
- Queeero!
- Então se joga no chão, nada... olha o tubarão! Grita...
Que viagem... tem uma história boa sobre programa infantil, mas deixe pra outra hora. Voltando à faculdade. Entramos na sala e já estavamos uns quarenta minutos atrasados. Abrimos a porta, entramos, e ficamos parados. A sala estava com a luz apagada, dentro tinham uns dez alunos divididos mais ou menos em dois grupos, haviam quatro fileiras de carteiras, no meio da sala um corredor entre as carteiras, a professora estava parada no meio desse corredor. De frente para os alunos e de costas para a porta. Os alunos nos viram com aquela cara de perdidos e começaram a rir, meio discretamente. Eles não olhavam mais a professora, olhavam pra gente e riam e se olhavam. Quando estava decidido a sair da sala correndo e ir chorar no banheiro (brincadeira) olhei para o slide que estava na parede ao lado da porta e li, no rodapé, o lindo nome que certificava que estávamos certos. Era algo como isso: XÉNEROS AUDIOVISUAIS E EXPERIMENTACIÓN MULTIMEDIA (isto está em galego, parece com português).
Certos que estávamos na sala que precisávamos entrar ainda tínhamos que sentar. Porém a professora não saia do lugar por onde precisávamos passar para alcançar a carteira no fundo da sala. Foram mais alguns segundo de rizada dos alunos e constrangimento para nós. Pedi licença pra professora e sentei num lugar no fundo da sala. Neste momento havia um aluno se apresentando, igual as primeiras aulas no brasil, pensei que ia fugir disso. Vendo os perdidos sentares a professora interrompeu o aluno e hablou: “é bom que fique claro que todos devem respeitar o horário de inicio das aulas para que não seja interrompido nenhum conteúdo e que decidimos que se a aula começa quatro todos e se queremos que comece quatro e meio que combinemos e que todos cheguem no mesmo horário...”, deu pra entender né, levamos a primeira bronca em espanhol. Só depois de uns cinco alunos se apresentarem a professora olhou para nós e pediu que nos apresentássemos. Num espanhol de ‘puta madre’ falamos nosso nome e de onde somos, o que estudamos no brasil e porque escolhemos o curso.
Certos que estávamos na sala que precisávamos entrar ainda tínhamos que sentar. Porém a professora não saia do lugar por onde precisávamos passar para alcançar a carteira no fundo da sala. Foram mais alguns segundo de rizada dos alunos e constrangimento para nós. Pedi licença pra professora e sentei num lugar no fundo da sala. Neste momento havia um aluno se apresentando, igual as primeiras aulas no brasil, pensei que ia fugir disso. Vendo os perdidos sentares a professora interrompeu o aluno e hablou: “é bom que fique claro que todos devem respeitar o horário de inicio das aulas para que não seja interrompido nenhum conteúdo e que decidimos que se a aula começa quatro todos e se queremos que comece quatro e meio que combinemos e que todos cheguem no mesmo horário...”, deu pra entender né, levamos a primeira bronca em espanhol. Só depois de uns cinco alunos se apresentarem a professora olhou para nós e pediu que nos apresentássemos. Num espanhol de ‘puta madre’ falamos nosso nome e de onde somos, o que estudamos no brasil e porque escolhemos o curso.
Pois bem, a impressão que tive no primeiro dia de aula é que os alunos espanhóis são iguais nós brasileiros. Tinham dez alunos na turma e todos estão na reta final da faculdade. Foi unânime o pessimismo e as reclamações quanto a faculdade. Na verdade eles foram mais francos que muitos de nós ao dizer o que menos gostaram no curso. Todos reclamar de alguma coisa. No final das apresentações deu vontade de ir direto pro aeroporto pegar um voo para o brasil. Mas sei que não é bem isso, creio que todos estão terminando seus cursos e inseguros com o mercado de trabalho e tal, sempre queremos mais e a faculdade nunca é boa o suficiente.
Depois das apresentações e do negativismo, fizemos um exercício e acreditem... a aula que estava marcada pra acabar as oito horas teve seu fim logo as seis horas da tarde. Ela comeu duas horas de aula. Achei meio estranho, mas nos corredores, depois da aula, me disseram que “isso é normal aqui”.
Bom galera, foi isso. Sei não foi um primeiro dia empolgante mas foi melhor do que imaginava, pois quase consegui entender o que foi dito na sala e levei minha primeira bronca em espanho, que orgulho.
Se conseguiu ler ate o final, obrigado, escrever é sempre uma evolução. Espero ter passado um pouco do que foi a minha sensação e prometo voltar com relatos mais empolgantes.
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