idiossincrasia de Everton Mossato
Diante da minha falta de tempo (tempo pode ser substituído por vontade) minha mãe fazia com gosto a gentileza de arrumar meu quarto. Minha querida namorada, Lady Day, também arrumava nosso ninho de amor com frequência. Pra ajudar eu tentava não jogar as roupas no chão, a cama recebia com carinho mochila, calças e qualquer outro produto têxtil que eu arremessava em sua direção.
Curiosamente em um momento, quando um dia sai de casa e o quarto estava virado num cativeiro, pensei: “quando voltar tenho que arrumar essa porra!”, sim eu pensei em exclamação. As jornadas laboral e acadêmica consumiram minha alma e ao final do dia devolveu minha carcaça ao meu lar. Abri a porta do meu quarto, acendi a luz, num mesmo movimento tirei o tênis - pressionando a ponta do pé direito no calcanhar esquerdo e vice versa, chutando o “pisante” em seguida para algum canto – e também tirei a mochila, com um movimento do ombro esquerdo deixando a gravidade exercer sua força e empurrar a mochila para baixo, deixando-a cair alguns centímetros, apanhando-a com a mão direita antes de tocar o chão e numa parábola visando o acúmulo de energia direcionei o objeto para minha cama, soltando-o assim que atingiu o fim da trajetória de impulso. Foi lindo, assim que a mochila bateu na cama as molas a empurraram para cima, depois de um duplo carpado ela caiu sobre o edredom e descansou finalmente. Ainda emocionado com o movimento percebi que a mochila estava sozinha em cima da cama. O que aconteceu? As calças e camisas se rebelaram e levitaram pelo ar até o guarda-roupa ou exalaram seu fétido cheiro até a maquina de lavar? Não sei, só sei que foi assim. O quarto todo estava arrumado, não havia mais meias pelo chão, as cortinas estavam presas por uma fita e não com um nó de marinheiro. O chão... dava pra ver o chão! E até um pequeno tapete esperava ser pisoteado por pés quentes pela manhã, protegendo assim do contato com o azulejo gelado. Era fato, minha mãe arrumou meu quarto de novo.
CAMA: na hora da pressa vira guarda-roupa |
Nos primeiros dias, quiçá diria nas duas primeiras semanas morando sozinho na península ibérica eu tentei manter o padrão de organização que dona Izilda aplicava à nossa casa em Curitiba. Tive sucesso nisso, mas algo estava estranho, por que tudo estava tão arrumado? Que objetivo tinha isso? E quantos minutos de sono por dia isso me tomava? Valia a pena tal esforço? Perguntas retóricas a parte o fato foi que ao longo dos dias arrumava cada vez menos minha habitação. Limpava a cozinha e banheiro seguindo o padrão da dona Izilda. Pois estas tarefas fazem parte do rodizio de limpeza do apartamento em que vivo aqui em Coruña, e também é fundamental para o bom convívio entre nós, moradores deste piso compartido. Como um pássaro o tempo voa, os dias passam e a bagunça se acumula. Perdão Mãe, perdão Day, mas agora pra mim bagunça é sinônimo de liberdade e independência.
Roupas esperam pacientemente o passeio à máquina de lavar |
Depois eu arrumo... depois nunca chega. |
A poeira incomoda um pouco, mas acho quase tudo que preciso, infelizmente não preciso de tudo que acho. |
Como diria Charlie Harper: "Não sou inútil, posso servir de mal exemplo" |
Bagunça da uma sensação boa, quando arrumo minhas coisas eu sinto isso, mas nem tudo fica no lugar, acredito que ela seja necessária para criação, fruição, nada está pronto, é um processo contínuo de construção e descontrução, formação... esse é o "T" da coisa... sem subordinação, a organização é necessária, mas alguém já disse "alguma coisa está fora fora da ordem"... por ai vai agora eu tenho estagiária ela chegou fui... to mandando.
ResponderExcluirVc é meio bagunceiro e o resto sao filosofias....
ResponderExcluirArruma o seu quarto anda...
hahaha, verdade, sou bagunceiro mesmo, quando arrumar tiro uma foto pra provar que arrumei.
ResponderExcluirpô marinho, qual que é dessa estagiária, não venha me dizer que é trabalho... em órgão público, nunca vi... heheh
um abraço mano, saudades!
KKKKKKKK!!!! O bebe deixou a creche!!!!!
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